Práticas de trabalho remoto na advocacia pós pandemia

A pandemia de COVID-19 trouxe mudanças profundas para o mercado de trabalho, e o setor da advocacia foi um dos que mais experimentou transformações significativas. A necessidade de adaptação rápida às restrições de mobilidade e distanciamento social acelerou a adoção do trabalho remoto. Se antes da pandemia o home office era uma prática pouco comum na advocacia, hoje ele se consolidou como uma opção viável e, em muitos casos, preferida por advogados e escritórios.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o trabalho remoto aumentou em cerca de 300% durante a pandemia, e muitos profissionais da área jurídica perceberam que suas atividades podiam ser realizadas de maneira eficiente fora do ambiente físico do escritório. A digitalização dos processos judiciais, o uso de videoconferências para audiências e reuniões, além da implementação de softwares de gestão de escritórios, tornaram o trabalho remoto na advocacia uma prática viável.

Ferramentas Tecnológicas como Aliadas do Trabalho Remoto

Um dos principais facilitadores do trabalho remoto na advocacia pós-pandemia foi o avanço tecnológico. Softwares específicos para a gestão de escritórios de advocacia, como LegalTechs, passaram a ser amplamente utilizados, proporcionando maior organização e agilidade nos processos internos. Ferramentas de automação de tarefas, gestão de prazos e documentos, além de plataformas de videoconferência, como Zoom e Microsoft Teams, se tornaram indispensáveis para os advogados no trabalho à distância.

LegalTechs e automação de processos

As LegalTechs, startups que desenvolvem soluções tecnológicas para o setor jurídico, ganharam destaque durante a pandemia. Esses softwares facilitam desde a elaboração de contratos até a gestão de processos judiciais, permitindo que advogados e escritórios funcionem de maneira mais eficaz, mesmo remotamente. Segundo a Associação Brasileira de Lawtechs & Legaltechs (AB2L), o uso dessas ferramentas aumentou em 48% no Brasil desde o início da pandemia.

Segurança de dados

Outro aspecto crucial para o trabalho remoto na advocacia é a segurança da informação. A troca de documentos confidenciais e o sigilo entre advogado e cliente exigem ferramentas que garantam a proteção dos dados. Por isso, muitos escritórios investiram em soluções de criptografia e VPNs (redes privadas virtuais) para garantir a integridade das informações.

Benefícios e Desafios do Trabalho Remoto na Advocacia

Embora o trabalho remoto tenha se mostrado eficaz para muitos advogados, ele também trouxe uma série de desafios e mudanças culturais. Um dos principais benefícios é a flexibilidade que permite aos profissionais equilibrarem melhor suas vidas pessoais e profissionais. De acordo com uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 85% dos trabalhadores remotos relataram que conseguiram ter uma melhor qualidade de vida após a adoção do home office, e isso se aplica também aos advogados.

No entanto, a falta de interação presencial também é uma das principais dificuldades apontadas pelos profissionais. A ausência de trocas informais e a distância física podem gerar um sentimento de isolamento e prejudicar a colaboração entre as equipes.

Adequação ao trabalho híbrido

Muitos escritórios de advocacia estão optando pelo modelo híbrido, que combina trabalho remoto e presencial. Esse modelo visa aproveitar os benefícios de ambos os formatos, permitindo que os advogados realizem tarefas que exigem concentração em casa e reservem dias específicos para reuniões e atividades colaborativas no escritório. A pesquisa da FGV mostrou que 62% dos escritórios de advocacia pretendem manter o modelo híbrido no pós-pandemia.

Novas Competências Necessárias no Trabalho Remoto

O trabalho remoto na advocacia exige o desenvolvimento de novas competências, principalmente no que diz respeito à autodisciplina e gestão de tempo. Advogados que trabalham remotamente precisam ser ainda mais organizados e focados para garantir que os prazos sejam cumpridos e que a comunicação com clientes e colegas de trabalho não seja prejudicada.

Autogestão e produtividade

O conceito de autogestão ganhou força no home office, especialmente na advocacia. Sem a supervisão direta de superiores, os advogados devem ser proativos e saber priorizar suas tarefas de acordo com a urgência e importância de cada uma. De acordo com a consultoria Robert Half, 74% dos empregadores acreditam que a autogestão é uma competência essencial no trabalho remoto.

O trabalho remoto na advocacia pós-pandemia trouxe desafios, mas também uma série de benefícios que permitiram maior flexibilidade e eficiência. O uso de ferramentas tecnológicas, a adaptação aos modelos híbridos e o desenvolvimento de novas competências foram cruciais para a manutenção da qualidade no atendimento e na prática jurídica. No futuro, a advocacia remota deve se consolidar como uma opção viável e desejável para muitos profissionais, especialmente com a continuidade da digitalização dos processos judiciais e a expansão do mercado para além das barreiras físicas.

Tiago Pereira
OAB/SP 333.562

Advogado especializado nas áreas trabalhista e previdenciária, conhecido por sua atuação competente e dedicada nesses campos do direito. Ele é o criador do portal Advocacia na Prática, uma plataforma voltada para a disseminação de conhecimento jurídico prático, oferecendo artigos, cursos e materiais de apoio para advogados e estudantes de direito. 

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